Foto: Michel Castro/Rede Amazônica
Homem foi
transferido em UTI móvel de Manacapuru, interior do Amazonas para Manaus, e
tentou atendimento em dois hospitais de
referência para covid-19
De
Ariquemes Online
Familiares
de um taxista de 54 anos que morreu com suspeita de coronavírus denunciaram,
neste domingo (19), que ele faleceu após ter o atendimento negado em dois
hospitais de referência para pacientes com Covid-19 em Manaus. À espera de
tratamento médico, ele teria morrido enquanto aguardava no Delphina Aziz,
principal centro de atendimento na capital.
O
G1 entrou em contato com a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (Susam),
mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Segundo
a denúncia, o paciente era de Manacapuru, no interior, e chegou a ser
transferido para Manaus em uma UTI móvel - por falta de equipamentos no
Hospital de Campanha recém-inaugurado em Manacapuru. A cidade é a que concentra
o maior número de casos de Covid-19 no interior, com 201 casos e dez mortes já
confirmadas.
Em
todo o Amazonas, há 2.044 casos confirmados de Covid-19, com 182 mortes da
doença, segundo boletim epidemiológico da FVS-AM.
Ao
chegar em Manaus, o taxista chegou a ser levado para dois hospitais diferentes,
mas não conseguiu atendimento. Segundo a família, primeiro ele foi ao novo
hospital de retaguarda do governo, depois foi ao Delphina Aziz, que é o grande
centro de referência para tratamento da doença no Amazonas. Segundo a sua
filha, a resposta foi de que não haviam leitos disponíveis. “Ao chegarmos no
Hospital de Campanha da Nilton Lins, falaram que as vagas de UTI já estavam
esgotadas. Tiraram ele da ambulância e colocaram na recepção", conta sua
filha, Geovana Matos.
"A
médica de lá disse que não ia atender ele, disse que ele ia morrer e não ser
atendido. Meu pai estava chorando na maca implorando pela vida. Depois, ele foi
para o hospital Delphina, que também negou atendimento”.
O Amazonas, hoje, corre contra o tempo para evitar um colapso na rede pública de saúde. Um balanço recenete do governo mostra que quase 90% do leitos totais do estado estão ocupados. Ao todo, o Amazonas possui 6.710 leitos, entre a rede pública e privada.
Ainda
conforme dados oficiais do governo, o total de leitos que estão disponíveis
para pacientes diagnosticados com covid-19 era, na sexta-feira (17), de 504. Já
os leitos ocupados com pacientes do novo coronavírus (confirmado e suspeitos)
contabiliza 390 - que representa uma taxa de 77% de ocupação.
Coronavírus
no Amazonas
O Amazonas registrou mais 147 casos do novo coronavírus, neste domingo (19), totalizando 2.044 casos confirmados de Covid-19 no estado, segundo boletim epidemiológico divulgado pela Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM). Também foram confirmados mais 21 óbitos pela doença, elevando para 182 o total de mortes. O boletim aponta que 1.163 pessoas com diagnóstico de Covid-19 estão em isolamento social ou domiciliar, o que corresponde a 56,9% dos casos confirmados no Amazonas. De sábado (18) para domingo, cerca de 100 pessoas se recuperaram da doença e estão fora do período de transmissão do vírus, totalizando, agora, 532 recuperados.
Outros
270 testes estão sendo processados no Laboratório Central de Saúde Pública do
Amazonas (Lacen-AM). Dos 2.044 casos confirmados no Amazonas até este domingo
(19), 1.664 são de Manaus e 380 do interior do estado.
Internações
por Covid-19 no AM
Entre os casos confirmados de Covid-19, há 167 pacientes internados, sendo 78 em leitos clínicos (31 na rede privada e 47 na rede pública) e 89 em UTI (31 na rede privada e 58 na rede pública). Há ainda outros 536 pacientes internados considerados suspeitos e que aguardam a confirmação do diagnóstico. Desses, 396 estão em leitos clínicos (132 na rede privada e 264 na rede pública) e 140 estão em UTI (38 na rede privada e 102 na rede pública).
Com
quase 90% de leitos para Covid-19 ocupados, o estado vive uma corrida para
evitar colapso no sistema de saúde. Em uma coletiva de imprensa realizada na
quinta-feira (16), o Governo do Amazonas admitiu que o sistema de saúde do
estado já apresentava insuficiência da capacidade de leitos do Sistema Único de
Saúde (SUS) antes da pandemia da Covid-19.
No
sábado (18), em meio a um impasse judicial, o Hospital de Retaguarda da Nilton
Lins foi aberto e passa a ser referência para atendimento de pacientes do novo
coronavírus. O Governo do Amazonas informou que Hospital de Retaguarda iniciou
as atividades com 50 leitos clínicos e 16 de UTI, e que busca insumos e
recursos humanos para alcançar a capacidade máxima da unidade, de 400 leitos.
O
Ministério Público do Amazonas (MP-AM) constatou, em inspeção, que a unidade
recém-inaugurado apresenta falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs),
medicamentos e equipamentos para a estruturação integral dos leitos de UTI. A
Justiça do Amazonas já havia acatado uma ação civil pública, na quinta-feira
(16), proposta pelo Ministério Público do Estado para que uma série de medidas
seja tomada no combate ao avanço da disseminação do novo coronavírus.
Entre
elas, o funcionamento integral do Hospital Delphina Aziz, a contratação de
leitos existentes no Hospital Universitário Getúlio Vargas e do Hospital
Beneficente Portuguesa e a retirada de pacientes que estão sem assistência
adequada nos prontos-socorros do estado.
Na
noite de quarta-feira (15), o governador Wilson Lima anunciou a abertura de 45
novos leitos (25 de UTI e 20 clínicos) no Hospital e Pronto-Socorro Delphina
Aziz, que é referência para os casos de Covid-19 no estado. Com isso, o
hospital passa a operar com 100 leitos de UTI disponíveis para pacientes com o
novo coronavírus.
Mortes
por Covid-19 no AM
Nas últimas 24 horas, mais 21 óbitos que estavam em investigação foram confirmados tendo o coronavírus como causa. Deste total, todos eram pacientes de Manaus: 14 homens na faixa etária de 34 a 74 anos e sete mulheres na faixa de 26 a 84 anos.
Os
municípios com óbitos confirmados até o momento são: Manacapuru (10), Iranduba
(3), Parintins (3), Maués (2), Tabatinga (1), Itacoatiara (1), Careiro Castanho
(1), Presidente Figueiredo (1), Tefé (1), Novo Airão (1), Carauari (1) e
Manicoré (1); totalizando 26 mortes por Covid-19 entre pacientes do interior.
Outros
34 óbitos notificados seguem em investigação pelo Laboratório Central (Lacen) e
21 foram descartados para o novo coronavírus.
Dezenas
de covas foram abertas no Cemitério Nossa Senhora Aparecida, localizado no
bairro Tarumã, em Manaus, para atender o aumento na demanda provocado pelas
mortes por Covid-19. Segundo informações da prefeitura, desde março, houve um
acréscimo de aproximadamente 50% na demanda.
Por
conta do aumento no número de mortes, o governo decidiu instalar containers
frigoríficos em unidades de saúde de Manaus. A medida foi anunciada após a
repercussão de um vídeo gravado dentro do Hospital e Pronto Socorro João Lúcio,
na Zona Leste de Manaus, que mostra corpos com suspeita da Covid-19 espalhados
ao lado de pacientes internados.