novembro 18, 2013 8:55 am
Enquanto transcorrerão neste começo de dezembro os leilões para concessão dos aeroportos do Galeão e Confins, a Infraero brindará o distinto público com uma decisão no mínimo intrigante. Partindo da velha estatal dos aeroportos federais bolorenta e muito pouco ágil, nada de espantar.
Trata-se da ordem de sua diretoria para transferência de sua sede central em Brasília, das atuais instalações no Setor Comercial Sul de Brasília para o galpão-hangar da antiga Transbrasil junto ao Aeroporto Internacional JK.
A diretoria deu um prazo exíguo para a mudança. O hangar está caindo aos pedaços e precisa de uma reforma estrutural para abrigar os funcionários. Insalubre, precisa de uma faxina sanitária. Mas, em se tratando de decisão de interesse opaco, é mais uma da Infraero.
O que cerca a alocação dos funcionários naquele poeirento galpão é um indicativo, no mínimo, de má gestão do dinheiro público.
Vamos lá: enquanto a diretoria e o corpo de assessores especiais permanecerão aboletados no moderno prédio que serviu anteriormente à ANAC, com estacionamento assegurado, ar condicionado central e instalações amplas e ensolaradas, na antiga Transbrasil o ambiente é de poleiro – um imenso e sujo ambiente que há 15 anos abrigava aviões obsoletos e relíquias da antiga companhia aérea da família Fontana.
Não haverá estacionamentos gratuitos para os funcionários, que terão que pagar suas taxas.
Para almoçar terão que atravessar a praça contígua rumo à praça de alimentação do aeroporto internacional. Há uma lanchonete no Terminal 4, a uma média distância.
Os empregados mais humildes, que não têm carro próprio, dependerão do transporte público deficiente para chegar até um local afastado da área central de Brasília.
Mas o controverso é que a Infraero, para ocupar o prédio-galpão da falida Transbrasil que é sua propriedade, pagará alugueis ao consórcio Inframérica, concessionário do aeroporto, do qual a estatal detém 49% de participação.
E ainda: venderá ao mercado imobiliário o prédio que ocupa no Setor Comercial Sul para fazer caixa, o que a má gestão lhe impede.
Significa que se desfará da última jóia da coroa de seu patrimônio acumulado em décadas.
Tudo isso é normal na Infraero.