Gurgel vai a sessão secreta e Serra aparece como suspeito na CPMI do Cachoeira

2/5/2012 12:50, Por Redação - de São Paulo e Brasília


Serra, que aparece na foto em que está Paulo Preto (abaixo, à
esquerda), fechou negócios com a Delta Construções
Procurador-geral da República, Roberto Gurgel acerta os últimos
detalhes de sua presença no Congresso com o presidente da Comissão
Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, senador Vital do
Rego (PMDB-PB) e o relator, deputado Odair Cunha (PT-MG). Gurgel foi
convidado a depor em uma sessão secreta da comissão. O mesmo
expediente será usado para ouvir delegados da Polícia Federal (PF),
que têm dados sigilosos sobre as operações Monte Carlo e Las Vegas,
ambas em que estão envolvidos o contraventor Carlos Augusto de Almeida
Ramos, o Carlinhos Cachoeira, o senador Demóstenes Torres (ex-DEM),
governadores, empresários, parlamentares e agora o candidato tucano a
prefeitura de São Paulo, José Serra. Este último teria contribuído
para o faturamento da Delta Construções, em obras durante sua gestão,
de perto de R$ 1 bilhão.

O comando da CPMI também enviou ofício ao ministro da Justiça, José
Eduardo Cardozo, para que libere os delegados da operação a dar
explicações aos congressistas sobre o caso. Vital disse que a sessão
secreta está prevista no regimento e que é até uma forma de preservar
os investigadores. Ele disse que se não tiver entendimento sobre o
convite para Gurgel e delegados, eles poderão ser convocados pela
CPMI, quando tem a obrigação de comparecer.

Ainda durante as investigações da PF, em uma escuta telefônica
autorizada pela Justiça, o senador Demóstenes Torres chamou o
procurador-geral, Roberto Gurgel, de "sem vergonha". O fato ocorreu
durante o escândalo do caso Palocci, em 2011. Áudios vazados para a
imprensa, na época, mostram que, em conversa com o contraventor
Carlinhos Cachoeira, o parlamentar afirmou que tinha de "bater" em
Gurgel para ele não se animar a investigá-lo.

Segundo a Polícia Federal, a interceptação foi feita na manhã seguinte
a um pronunciamento no Senado em que Demóstenes criticava a atuação do
procurador-geral, que arquivou a investigação contra o ex-ministro da
Casa Civil do governo Dilma Rousseff, Antonio Palocci, por
enriquecimento ilícito a partir de consultorias supostamente prestadas
por sua empresa, a Projeto. A representação foi feita pelos partidos
de oposição. Na ocasião, o senador foi um dos maiores críticos à
postura de Gurgel.

– Se não der nele, ele (Gurgel) começa a pegar a gente também, você
entendeu? Agora, se ele está cumprindo obrigação do governo, agora ele
inocenta o governo e depois pega um da oposição. Isso é sem vergonha.
Se não bater nele, ele anima – disse Demóstenes, em conversa às 10h06
do dia 7 de junho de 2011. O bicheiro elogiou a iniciativa do senador
e sugeriu que o procurador estaria "desmoralizado" após o discurso do
senador.

A gravação ocorreu no mesmo período em que a PF enviou ao procurador
peças do inquérito da Operação Vegas, que demonstravam a proximidade
entre o senador e Cachoeira. Nos grampos, o parlamentar pede dinheiro
ao contraventor para pagar suas despesas. Contudo, mesmo de posse do
material desde 2009, o procurador só pediu autorização ao STF para
investigá-lo em 2012, após a crise provocada pela Operação Monte
Carlo.

Serra suspeito

Nesta semana, quando começam efetivamente os trabalhos da CPI que
investigará as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com políticos,
autoridades e empresários, um dos primeiros suspeitos a ser convocado
será o dono da Delta Construções, o empresário Fernando Cavendish.
Suspeita-se, com base em informações da Operação Monte Carlo,
realizada pela Polícia Federal (PF), do envolvimento da empresa com
Cachoeira.

Além de negócios suspeitos realizados nos Estados de Goiás e do Rio de
Janeiro, Cavendish também se transformou em alvo de investigações nas
gestões dos tucanos José Serra, quando na prefeitura de São Paulo, e
na atual administração do Estado, com Geraldo Alkmin. Assim que a CPMI
foi instalada, no dia 19 de abril, Alckmin, ao ser questionado sobre
os contratos da Delta com o Estado de São Paulo, disse não estar
preocupado com eles.

– Nem sei se tem [contratos], se tem são ínfimos – disse ele ao diário
conservador paulistano Folha de S. Paulo.

Mas a realidade é outra. Segundo levantamento feito pelo blog
Transparência SP entre 2002 a 2011 a Delta fechou pelo menos 27
contratos (incluindo participação em consórcios) com empresas e órgãos
públicos do governo do Estado de São Paulo, numa quantia que beira R$
1 bilhão. Entre os contratantes estão a Desenvolvimento Rodoviário
S.A. (Dersa), comandada por Paulo Vieira de Souza, engenheiro e
integrante da cúpula tucana na campanha de Serra, afastado após ser
acusado de desviar R$ 4 milhões em fundos políticos destinados ao
então candidato à Presidência da República. Os fundos teriam sido
captados de forma ilegal, segundo denúncias publicadas em uma revista
de circulação nacional.

O montante recebido pela Delta foram pagos pelo Departamento de
Estradas de Rodagem (DER), o Departamento de Águas e Energia Elétrica
(DAEE), a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
(Sabesp) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Somam cerca de
R$ 800 milhões em valores nominais. Em valores corrigidos
(considerando a inflação do período) chegam a R$ 943,2 milhões.

Fonte: http://correiodobrasil.com.br/gurgel-e-chamado-a-depor-em-sessao-secreta-e-serra-aparece-como-suspeito-na-cpmi-do-cachoeira/444657/

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