As armas, classificadas como de grosso calibre e alto poder de fogo, estão nas mãos, principalmente, dos traficantes. Eles usam para defender o patrimônio criminoso deles e impor respeito aos concorrentes
Bandido que atuou em assalto em município do interior exibe um fuzil AR-15, uma das armas mais mortais do mundo (Reprodução)
O poder de fogo das armas que estão nas mãos das quadrilhas de traficantes e assaltantes de banco e carros fortes não fica nada a dever ao armamento usado pela polícia, o que não impede deste arsenal do crime impressionar até mesmo policiais experientes, como o delegado da Especializada em Prevenção e Repressão a Entorpecentes (Depre) George Gomes. "Aqui nós temos apreendido algumas metralhadoras e escopetas", disse Gomes.
As armas, classificadas como de grosso calibre e alto poder de fogo, estão nas mãos, principalmente, dos traficantes. Eles usam para defender o patrimônio criminoso deles e impor respeito aos concorrentes. Mais recentemente, contudo, elas tê aparecido nas mãos de quadrilhas especializadas em fazer grandes assaltos. Segundo o delegado da Especializada em Roubos, Furtos e Defraudações (DERFD), Orlando Amaral, assaltantes de banco usam armas de grosso calibre para intimidar.
As submetralhadoras, fuzis, pistola de calibres diversos são os tipos de armas mais utilizadas pelos narcotraficantes e organizações criminosas para escolta e segurança, de acordo com informação da Polícia Federal. Elas são armas de guerra e de uso restrito.
A Polícia Federal tem informações que em outras regiões existem grupos especializados que alugam armas de grosso calibre para praticar crimes. Em maio deste ano o ex-presidiário, assaltante, traficante e homicida Marcos Sampaio de Oliveira, 34, o "Marcos Osso", ou "Marcos Eletricista", foi executado, segundo a polícia com tiros de fuzil AR-15.
Segundo os delegados que trabalham com a repressão ao narcotráfico e crime organizado, essas armas de uso restrito muitas vezes são desviadas dos arsenais de Exércitos de países vizinhos, como Peru e Colômbia, e entram no Brasil pela fronteira. No ano passado a Polícia Federal prendeu dois homens, um brasileiro e outro peruano, que estavam vindo de Tabatinga (a 1.105 quilômetros de Manaus) em um barco de recreio e durante a revista, os agentes notaram que dois estavam nervosos e ao revistarem a bagagem deles, encontraram droga e um fuzil, além de 100 munições do mesmo calibre da arma. O fuzil apreendido tinha o símbolo do exército peruano. Segundo os policiais que fizeram a prisão, a arma estava sendo usada para fazer a escolta de uma remessa de entorpecentes.
A polícia foi surpreendida com o poder de fogo do bando comandado pelo traficante e pistoleiro Alan Cartimário. No arsenal de armas do mesmo, apreendido por uma operação realizada pela Secretaria Executiva Adjunta de Inteligência (Seai), foram encontradas pistolas, fuzil, submetralhadora, escopetas, espingardas e revólveres. No momento que a polícia entrou na casa todas as armas estavam municiadas sobre a mesa.
Fogo contra fogo pesado
O poder de fogo dos bandidos foi mostrado nos assaltos ocorridos nos últimos dias. No dia 28 do mês passado, homens armados com fuzis roubaram mais de R$ 100 mil de uma agência bancária do Bradesco no Município de Boa Vista dos Ramos (a 269 quilômetros de Manaus).
No início deste mês, homens usando rifles e fuzis assaltaram a agência do Bradesco do Município de Lábrea. O ex-delegado do grupo Fera Fábio da Silva informou que se tratava de uma quadrilha interestadual especializada em assaltos a bancos em cidades do interior.
Outro assalto ousado e com bandidos bem armados aconteceu na agência do banco Itaú, na avenida Brasil,Compensa, Zona Oeste. O bando era formado por pelo menos seis homens armados com escopetas e rifles e vestindo roupas rajadas semelhantes ao uniforme do Exército e capuz preto.
Enquanto criminosos usam armas de guerra, a polícia está nas ruas com pistolas e revólveres. O delegado Orlando Amaral garante que a polícia possui armas com poder de fogo superior as usadas pelos bandidos. O delegado George Gomes também garante que o armamento da polícia não deixa a desejar. "Nós temos metralhadoras, escopetas e outras com poder de fogo semelhante", diz Gomes.