Policiais civis denunciam que presos vivem em condições precárias no AM

Sinpol flagrou superlotação em delegacias de dois municípios do estado.
SSP diz que situação é "preocupante"; Sejus não vê solução a curto prazo.

Girlene MedeirosDo G1 AM
 
37 presos estão distribuídos nas duas celas da Delegacia de Iranduba (Foto: Divulgação/Sinpol-AM)
 
Presos da Região Metropolitana de Manaus (RMM) vivem em condições subumanas, segundo denúncia do Sindicato dos Funcionários da Polícia Civil do Estado do Amazonas (Sinpol-AM), que está visitando distritos policiais do interior da área nesta semana. A categoria afirmou ao G1 que as delegacias usadas para abrigar detentos que aguardam julgamento estão superlotadas. Segundo o sindicato, em alguns casos, 18 detidos ficam em uma cela com capacidade para abrigar somente três pessoas.
 
A entidade afirma que as condições das celas contribuem para a transmissão de doenças. Em visita à unidade policial de Rio Preto da Eva, a 57 km de Manaus, na terça-feira (15), o sindicato diz ter flagrado dois detidos com suspeita de tuberculose. Os sindicalistas afirmam que 27 presos estavam alocados nas duas celas da delegacia.
 
Também em Rio Preto da Eva, um detento foi encontrado algemado a um banco do corredor da delegacia. O secretário-geral do Sinpol, Renato Damasceno, acredita que o preso estava há mais de um mês no local. "Ele não podia ir para a cela, porque os outros presos queriam linchá-lo e desde então ele fica instalado no corredor", afirmou o representante. Com a superlotação, a segurança também fica fragilizada na unidade. Na última semana, nove presos conseguiram fugir da delegacia por meio de um buraco de 40cm feito em um muro. Sete continuam foragidos.
 
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Em Iranduba, a 27 km de Manaus, foram encontrados 37 presos distribuídos nas duas celas da delegacia, segundo o presidente do sindicato, Moacir Maia. "Cada cela foi construída para abrigar três presos. Lá, eles estão amontoados um em cima do outro. É uma situação desumana e há uma quebra de vários princípios", explicou. No dia 11 de abril, um grupo invadiu a delegacia da cidade, trocou tiros com os policiais e tentou resgatar um preso da unidade. O sindicato dos policiais civis teme pela segurança e saúde dos profissionais.
Para o sindicato, os policiais são obrigados a desenvolver atividades para as quais não estão habilitados. "Os policiais civis não foram preparados para serem carcereiros e são desvirtuados do trabalho", exemplificou Damasceno.

Nesta quarta-feira (16), o Sinpol-AM visita as instalações da delegacia de Presidente Figueiredo, distante 117 km da capital, de onde receberam denúncias semelhantes às das unidades de Iranduba e Rio Preto da Eva. "Já sabemos que a situação em Presidente Figueiredo é calamitosa. Na verdade, em todo o Amazonas a situação é complicada, mas estamos priorizando a Região Metropolitana pela proximidade com Manaus e a possibilidade de mais rebeliões", disse Moacir.
 
O coronel Louismar Bonates, titular da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejus), confirmou ter recebido ofícios emitidos pelo Sinpol-AM solicitando remoção dos presos alocados nas delegacias. "Não vejo solução a curto prazo. Considerando as poucas vagas, há como pensar em penas alternativas para quem comete pequenos furtos, mas transferir presos independe da minha vontade", afirmou Bonates. Segundo o coronel, a transferência de presos é de responsabilidade do Poder Judiciário e a transferência é feita a partir de solicitação do juiz da comarca de cada município para o juiz da Comarca de Manaus.

Dos 62 municípios do Amazonas, apenas Tabatinga, Tefé, Manacapuru, Coari, Itacoatiara, Maués e Parintins possuem unidades prisionais. O coronel Paulo Roberto Vital, titular da Secretaria de Segurança Pública (SSP), classificou a situação como "preocupante". "Nós não temos as instalações adequadas para alocar esses presos. Não há presídio para suprir a demanda. Há superlotação, mas não podemos deixar a sociedade à mercê da bandidagem", disse.
 
Fonte: http://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2014/04/policiais-civis-denunciam-que-presos-vivem-em-condicoes-precarias-no-am.html

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