Ex-ministro da ditadura, Delfim critica política econômica do governo Dilma

24/6/2014 13:50
Por Redação - de São Paulo
 
Economista formado na Universidade São Paulo (USP), adepto da corrente monetarista, favorável ao arrocho salarial, e ex-ministro da Fazenda durante os governos ditatoriais de Costa e Silva e Garrastazu Médici, Delfim voltou a criticar, nesta terça-feira, a política econômica da presidenta Dilma Rousseff.
 
Antes de bater na política econômica do governo, Delfim Netto, em entrevista ao diário conservador paulistano O Estado de S. Paulo, disse que a presidenta Dilma é a favorita nas urnas de 2014:
 
– São 36 milhões de pessoas que saíram da miséria e 42 milhões que ingressaram na classe média. É um feito grande, pois foi puxado pelo crescimento com inclusão social, o que inclusive levou o Brasil à situação de pleno emprego.
 
Ele elogiou ainda o discurso de Dilma na convenção nacional do PT:
– Foi um fato novo ela ter se referido ao fim do excesso da burocracia, que é um dos maiores fatores que limitam bem o crescimento.
 
'PIB estagnado'
Na sequencia, porém, Delfim não economizou nas críticas. O mentor do 'Milagre Econômico' do início dos anos 70 afirmou que vê o Produto Interno Bruto (PIB) estagnado no segundo trimestre, com resultado próximo de 0%.
 
– A economia para 2014 está dada e deve ser relativamente fraca, com um crescimento ao redor de 1,5% – disse.
 
Ele acredita que a inflação neste ano ficará pouco abaixo do teto de 6,5%.
Delfim, porém, ressaltou que, devido às "imensas potencialidades" que o país possui é totalmente viável que a economia retome um ritmo de expansão entre 3% e 4% em três anos.
 
– Para que isso ocorra é fundamental que o Estado se torne bem mais eficiente, nem mínimo nem balofo. Nesse contexto, não dá mais para usar a política fiscal para estimular o consumo, como ocorreu nos últimos anos. O superávit primário deveria subir para a média de 2,5% do PIB ao ano, a fim de reduzir o patamar da dívida bruta dos atuais 58% para 45% do PIB em seis anos. E por que 45%? Esse número é relevante porque, se houver alguma necessidade de elevar os gastos públicos para puxar a demanda, há essa folga essencial – comentou.
 
Na outra ponta, o ex-ministro da Fazenda dos piores anos da ditadura no país ressaltou que o retorno da harmonia da política fiscal com a monetária, como havia em 2011, ajudará a reduzir os juros, "o que é muito importante para estimular os investimentos e ampliar a oferta".
 
– Parece que há uma nova onda daqueles que acreditam que o Brasil não pode ter juro real abaixo de 6% ao ano. Isso é uma tolice e a taxa pode ser mais baixa, sim – disse.
 
Delfim destacou, porém, que a política monetária "é uma espécie de força resultante do bom controle de gastos do governo, patamar do câmbio e ritmo de expansão dos salários compatível com a velocidade da produtividade do trabalho".
 
– Como a carga tributária está próxima a 36% do PIB, pode-se gerar muito mais eficiência no setor público. E com isso é possível perfeitamente levar o déficit nominal para perto de zero em quatro anos – disse.
 
Para o economista, um elemento essencial para estimular os investimentos no país é o governo intensificar o programa de concessões em infraestrutura, pois isso vai combater os gargalos nacionais de logística, especialmente em portos, rodovias e ferrovias.
 
– É preciso ter modicidade tarifária nos leilões, mas eles precisam ser feitos de forma que viabilize uma boa taxa de retorno dos projetos. E isso é coisa para profissionais e não para amadores de Brasília – concluiu.
 
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