‘Estressado’, prefeito do Rio tem ataques de fúria

| Por Simon Romero- The New York Times News Service/Syndicate
 
Em seus acessos de raiva, Eduardo Paes, o prefeito do Rio de Janeiro, jogou um grampeador em um de seus assessores. Ele jogou um cinzeiro em outro
 
RIO DE JANEIRO – Em um de seus picos de raiva, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, jogou um grampeador em um dos seus assessores. Em outro foi um cinzeiro. Ele repreendeu uma vereadora dentro do seu gabinete chamando-a de vagabunda. Durante um jantar em um dos mais movimentados restaurantes japoneses do Rio, foi provocado por um cidadão, um vocalista de uma banda de rock, e lhe deu um soco na cara.
 
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Enquanto Paes, 44 anos, pede desculpas aos alvos de sua ira após cada episódio, sempre diz que está sob forte estresse. Normalmente chegando às 15 horas diárias de trabalho, no qual derruba e reconstrói pedaços da cidade na mais abrangente e radical reforma que o Rio vê em décadas, descobre sempre que qualquer consenso sobre seus planos é ilusório.
 
"Nunca na sua vida faça uma Copa do Mundo e uma Olimpíada ao mesmo tempo", disse Paes recentemente, em um debate sobre a transformação do Rio, fazendo dos protestos de rua que tomaram a cidade no último ano material de humor negro. "Isto tornará a sua vida quase impossível."
 
Ele tem razão. Os líderes políticos de todo o país podem ter pensado que trazer estes megaeventos abriria caminho para comemorações generalizadas da emergência do Brasil como potência do mundo em desenvolvimento e o Rio brilhando com seu renascimento. Mas como Paes verificou, as coisas não funcionaram bem assim.
 
"Eu não vou bancar o masoquista, deixar que alguém grite comigo e me xingue", ele disse em uma entrevista, referindo-se à forma como alguns dos seus críticos mais comunicativos o abordam nas ruas do Rio. "Mas este processo reflete a democratização, o desenvolvimento da cidadania no Brasil", acrescentou. "Não acredito que os protestos acabaram."
 
Em vez de um contentamento geral, o Brasil está sendo confrontado com constrangedores atrasos nas obras de estádios, aeroportos e de engenharia de trânsito, correndo o risco de que as coisas não fiquem prontas até o início da Copa do Mundo, em junho. Os protestos questionam que fundos públicos sejam esbanjados nos eventos esportivos enquanto colégios e hospitais permanecem sem verba. Os despejos de moradores de favelas provocam cada vez mais ressentimento contra os projetos de desenvolvimento.
 
Enquanto isso, o explosivo Eduardo Paes, cujo capital político vinha aumentando antes dos protestos de rua, encontra-se no centro de disputas cada vez mais ferozes sobre que tipo de cidade o Rio está se tornando.
 
"Acho que este cara é 171", diz Gilva Gomes da Silva, 40 anos, proprietário de uma borracharia na Favela do Metrô, antiga localização de sua casa, que foi demolida. O termo 171 é a gíria das ruas do Rio para alguém enganador, uma referência ao número do artigo do Código Penal para o crime de fraude.
 
Apesar de Silva dizer que sua nova unidade habitacional pública é aceitável, reclamou que o projeto pelo qual sua propriedade foi destruída, uma grande área comercial de reparos automotivos, sequer se materializou. "Ele está nos enganando", disse o borracheiro sobre o prefeito.
 
Fonte: http://nytsyn.br.msn.com/colunistas/%E2%80%98estressado%E2%80%99-prefeito-do-rio-tem-ataques-de-f%C3%BAria#page=1

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