AFP – dom, 1 de dez de 2013 15:47 BRST
Telhas da Alsácia, tecidos e poltronas Louis XV de Paris, mármore e estátuas italianas, vigas de aço da Inglaterra, tudo isto trazido a barco: nada era bonito demais na época de ouro de Manaus. A Ópera, assim como a cidade, acabou caindo na decadência durante os anos 20, tendo que esperar até meados dos anos 1990 para que uma ópera fosse apresentada novamente no lugar.
O estádio de Manaus, com suas formas arrendondadas e seus cantos em forma de losango, simbolizando as cestas trançadas da região, sofrerá o mesmo destino?
"Hoje, é a estrutura metálica de 6.670 toneladas que veio em três partes de Portugal para formar este belo estádio de 44.000 lugares", compara Capobiango.
Estádio Prisão?
Sua cobertura transparente capta a água da chuva graças a sete reservatórios de 120.000 litros para a irrigação do gramado.
Será a primeira construção do Norte do Brasil a obter um certificado ecológico.
Cerca de 1.900 operários trabalham no canteiro da obra para entregar o estádio à Fifa em dezembro. É preciso ainda instalar os assentos, "todos nas cores das frutas da região".
A Arena Amazônia receberá quatro partidas da Copa, mas e depois? Fica para a imaginação de cada um, já que, apesar de ter 2 milhões de habitantes, Manaus não possui equipe de futebol na primeira divisão. Foi até sugerido em setembro transformar o lugar numa prisão temporária!
O "Peladão" de Manaus, o maior campeonato de futebol amador do mundo, disputado nesta época do ano, "é muito mais popular que o fraco futebol profissional", reconhece Capobiango.
"As pessoas não têm nada"
Muitos protestam os 200 milhões de euros de dinheiro público gastos nesta ambiciosa estrutura, e as críticas fazem coro com as manifestações maciças que sacudiram o país em junho, em plena Copa das Confederações.
"Eles gastaram milhões enquanto as pessoas não têm nada, estão com fome e morrendo nas portas dos hospitais", acusa Vanilde Basto, uma vendedora da zona franca. "O pior é que nós nem teremos condições de entrar neste estádio durante a Copa".
"Teria sido melhor investir este dinheiro na cultura. O estádio sempre será pago e caro, enquanto que aqui é gratuito", afirma Sheila Juliane, uma estudante de 25 anos que se prepara para assistir um concerto na Ópera, onde programas culturais são oferecidos todos os anos.
O Comitê popular da cidade denuncia "uma privatização do espaço público", já que a gestão do estádio ficará nas mãos de um consórcio privado.
Para Arnaldo Santos, de 70 anos, coordenador do "Peladão", os críticos precisam enxergar mais longe. "O estádio foi construído para grandes eventos e serve primeiramente para o desenvolvimento de toda a região. A Copa do Mundo dá visibilidade ao futebol e Manaus pode aproveitar esta vitrine", afirma.
O estádio, porém, precisará gerar uma renda suficiente para sua manutenção, estimada em 170.000 euros ao mês.
A mesma dúvida paira sobre o destino dos estádios de Cuiabá, Natal e, em menor escala, Brasília, três cidades que também são desprovidas de grandes clubes locais.
A Copa do Mundo da África do Sul de 2010 serve de exemplo do que pode acontecer, onde alguns estádios ainda têm dificuldade para encontrar uma utilidade, três anos depois do grande evento.
"A Arena deverá receber outros eventos, como shows internacionais. É um sítio histórico. Isto vai atrair novos investimentos para o polo industrial e o turismo. O estádio será branco, mas não será um elefante branco", aposta Miguel Capobiango.
Fonte: http://br.esporteinterativo.yahoo.com/noticias/arena-manaus-ópera-esportiva-elefante-branco-174704964--spt.html
Ele surge majestoso e branco no coração da capital do Amazonas, mas, passada a euforia da Copa do Mundo-2014, o estádio de Manaus corre o risco de se transformar, assim como outros, num 'elefante branco' por falta de clubes de futebol que possam dar-lhe vida.
"Estamos construindo no meio da floresta amazônica a nova ópera do século XXI, para o esporte", orgulha-se Miguel Capobiango Neto, o arquiteto que coordena as obras, em alusão ao famoso Teatro Amazonas, a Ópera de Manaus, erguida a grande custo no auge do Ciclo da Borracha, no século XIX.Telhas da Alsácia, tecidos e poltronas Louis XV de Paris, mármore e estátuas italianas, vigas de aço da Inglaterra, tudo isto trazido a barco: nada era bonito demais na época de ouro de Manaus. A Ópera, assim como a cidade, acabou caindo na decadência durante os anos 20, tendo que esperar até meados dos anos 1990 para que uma ópera fosse apresentada novamente no lugar.
O estádio de Manaus, com suas formas arrendondadas e seus cantos em forma de losango, simbolizando as cestas trançadas da região, sofrerá o mesmo destino?
"Hoje, é a estrutura metálica de 6.670 toneladas que veio em três partes de Portugal para formar este belo estádio de 44.000 lugares", compara Capobiango.
Estádio Prisão?
Sua cobertura transparente capta a água da chuva graças a sete reservatórios de 120.000 litros para a irrigação do gramado.
Será a primeira construção do Norte do Brasil a obter um certificado ecológico.
Cerca de 1.900 operários trabalham no canteiro da obra para entregar o estádio à Fifa em dezembro. É preciso ainda instalar os assentos, "todos nas cores das frutas da região".
A Arena Amazônia receberá quatro partidas da Copa, mas e depois? Fica para a imaginação de cada um, já que, apesar de ter 2 milhões de habitantes, Manaus não possui equipe de futebol na primeira divisão. Foi até sugerido em setembro transformar o lugar numa prisão temporária!
O "Peladão" de Manaus, o maior campeonato de futebol amador do mundo, disputado nesta época do ano, "é muito mais popular que o fraco futebol profissional", reconhece Capobiango.
"As pessoas não têm nada"
Muitos protestam os 200 milhões de euros de dinheiro público gastos nesta ambiciosa estrutura, e as críticas fazem coro com as manifestações maciças que sacudiram o país em junho, em plena Copa das Confederações.
"Eles gastaram milhões enquanto as pessoas não têm nada, estão com fome e morrendo nas portas dos hospitais", acusa Vanilde Basto, uma vendedora da zona franca. "O pior é que nós nem teremos condições de entrar neste estádio durante a Copa".
"Teria sido melhor investir este dinheiro na cultura. O estádio sempre será pago e caro, enquanto que aqui é gratuito", afirma Sheila Juliane, uma estudante de 25 anos que se prepara para assistir um concerto na Ópera, onde programas culturais são oferecidos todos os anos.
O Comitê popular da cidade denuncia "uma privatização do espaço público", já que a gestão do estádio ficará nas mãos de um consórcio privado.
Para Arnaldo Santos, de 70 anos, coordenador do "Peladão", os críticos precisam enxergar mais longe. "O estádio foi construído para grandes eventos e serve primeiramente para o desenvolvimento de toda a região. A Copa do Mundo dá visibilidade ao futebol e Manaus pode aproveitar esta vitrine", afirma.
O estádio, porém, precisará gerar uma renda suficiente para sua manutenção, estimada em 170.000 euros ao mês.
A mesma dúvida paira sobre o destino dos estádios de Cuiabá, Natal e, em menor escala, Brasília, três cidades que também são desprovidas de grandes clubes locais.
A Copa do Mundo da África do Sul de 2010 serve de exemplo do que pode acontecer, onde alguns estádios ainda têm dificuldade para encontrar uma utilidade, três anos depois do grande evento.
"A Arena deverá receber outros eventos, como shows internacionais. É um sítio histórico. Isto vai atrair novos investimentos para o polo industrial e o turismo. O estádio será branco, mas não será um elefante branco", aposta Miguel Capobiango.
Fonte: http://br.esporteinterativo.yahoo.com/noticias/arena-manaus-ópera-esportiva-elefante-branco-174704964--spt.html