A tragédia da educação

Por | Cartas da Amazôniater, 19 de nov de 2013
 


Neste ano, pela primeira vez, o Brasil ficou de fora da relação das 200 maiores universidades do mundo com a exclusão da Universidade de São Paulo, que era a única representante nacional nesse clube seleto. Os Estados Unidos continuam disparados na frente, ocupando 77 posições, mais de um terço do total (proporção de equivalência com os prêmios Nobel conquistados pelos americanos, não por acaso).


Mas há perspectivas de mudança. A Coréia do Sul já é considerado país de primeiro mundo em função da crescente qualidade das suas universidades, que se reflete na pujança da sua indústria de tecnologia de ponta. A China também se prepara para ocupar um lugar equivalente à sua grandeza física e humana: 350 mil jovens chineses estão matriculados em algumas das principais universidades do mundo. São pagos pelo governo do seu país, com o compromisso, que será cobrado, de retornarem ao lar e colocarem em prática o que aprenderam.


O Brasil caminha no sentido inverso: optou por um populismo acadêmico que pune os melhores a pretexto de corrigir graves e pungentes desigualdades, as do ensino refletindo as perversões sociais e econômicas que fazem do nosso país um dos mais injustos do planeta. O desafio existe e precisa ser enfrentado e resolvido. O que incomoda é a solução proposta.


É claro que os mais pobres e menos preparados precisam de ajuda. Mas ela deve vir nos estágios anteriores ao ingresso na universidade. Todas as formas de subsídio, inclusive as não materiais, devem ser utilizadas para desfazer ou pelo menos minimizar as condições desiguais da disputa por uma vaga no ensino superior, que desfavorecem os pobres, os negros e outros grupamentos discriminados socialmente.


Mas na hora do ingresso no último estágio do ensino o que deve contar é o mérito individual, as qualidades de cada pessoa, as inatas e as adquiridas, as evidentes e as que ainda não floresceram, mas só esperam uma oportunidade para se revelarem.


Adotadas para oferecer um desvio nessa competição, muitas vezes selvagem e irracional, as cotas estão minando a dinâmica da boa formação universitária. Um minúsculo exemplo local serve de prova.


Duas turmas de direito se formaram à tarde e à noite na Universidade Federal do Pará, a segunda em quantidade de alunos do país. Uma, com 80 alunos que não entraram através do sistema de cotas. Nela, o índice de evasão é desprezível e o aproveitamento, bom. A outra surgiu com metade desse número. Todos os 40 alunos eram cotistas. Quase um terço deles já abandonou o curso. O aproveitamento é sofrível. A discriminação se tornou maior e mais cruel. O efeito, um desastre.


Daí o péssimo desempenho da UFPA e a posição cada vez mais baixa em relação às demais instituições de ensino superior, mesmo as exclusivamente do Estado. E o índice de reprovação de 98% no exame de ordem na seccional da OAB.


Cotista discriminado


O acesso mais fácil à universidade está sujeitando o cotista a dupla discriminação: a dos competidores e a deles próprios. Ao cruzarem os muros acadêmicos, eles são agrupados ou se reúnem por sua identidade. Foi a primeira discriminação. Outra está se formando na cabeça do cotista: ele procura os cursos menos difíceis e concorridos – seja para o ingresso, que ainda pode ser tangenciado, seja para chegar à conclusão do curso, inviabilizada pela evasão.


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