‘Empreendedor precisa também nos provocar’, afirma superintendente do BASA

Donizete Borges de Campos é superintendente do BASA em Manaus e
Roraima (DANILO MELLO/ALEAM)


Superintendente do Banco da Amazônia (BASA) Donizete Borges diz que
banco dispõe de recursos para investir mais no Amazonas, mas isso
acontecerá na medida que a qualidade dos projetos melhorar


15 de Maio de 2013
ADAN GARANTIZADO


O Banco da Amazônia (BASA) pretende investir R$ 1 bilhão no
financiamento de projetos dos mais diversos setores e municípios do
Amazonas. O anúncio do aporte bilionário foi feito na manhã desta
terça-feira (14) no plenário da Assembleia Legislativa do Estado
(ALE-AM), pelo o superintendente do BASA em Manaus e Roraima, Donizete
Borges de Campos.

O superintendente também utilizou a cessão de tempo (de autoria do
deputado Adjuto Afonso) para apresentar os números do Banco no
Amazonas no ano passado, quando a instituição liberou R$ 670, 34
milhões, atendendo mais de 22 mil projetos.

Donizete, que assumiu o BASA em janeiro, deixou claro em conversa com
A CRÍTICA, que apesar do aumento significativo no aporte, vai exigir
maior qualidade nos projetos apresentados. Ele também revelou o desejo
em fortalecer os investimentos no interior do Amazonas (hoje atendido
totalmente pelo BASA) e a previsão de um concurso público no segundo
semestre.

O superintendente prevê o crescimento dos investimentos no setor
industrial, visto que boa parte das ideias aprovadas até o momento são
voltadas para empresas do polo naval, de duas rodas e construção de
estaleiros. Donizete também acredita que o Amazonas vai recuperar o
"terreno perdido" para Rondônia e Pará no ranking de investimentos do
banco no Norte.

Durante sua fala na Assembléia, o senhor disse que o BASA pode
investir até mais desde haja demanda. Mas o que quer dizer esta
"demanda"?

Esta demanda são projetos sustentáveis. Os interessados em obter
financiamentos no BASA podem procurar o banco até julho que ainda
haverá tempo hábil para atender o pedido de financiamento até o final
do ano. Mas tem que apresentar um projeto viável economicamente e que
tenha qualidade. A vontade do banco em realizar é muito grande, mas o
empreendedor também tem que nos provocar. Muitos empresários reclamam,
alguns nos procuram, mas poucos tem projetos consistentes, de
qualidade. Tenho particularmente uma vontade muito grande em aplicar
mais recursos. O Amazonas tem uma oportunidade vasta de negócios.
Precisamos saber explorá-los.

E a que o senhor atribui essa deficiência nos projetos apresentados aqui?

Olha, quero deixar claro que existem projetos com bastante qualidade e
que estamos apoiando. Mas a deficiência ainda é muito grande. O
projeto às vezes é entregue sem a documentação necessária, sem
informações essenciais e acaba sendo indeferido. Quer um exemplo? Às
vezes, o projeto necessita de licenciamento prévio e o empresário não
o tem. Isso não é exigência do BASA. É uma exigência da lei. Aí eles
ficam bravos com o banco, que não tem culpa alguma. No fim, isso só
gera desgaste de imagem para todos. Para a liberação do financiamento,
a empresa não precisa ter tempo de materialização, mas um projeto bem
solidificado, de qualidade, mostrando que vale a pena ter o
investimento.

No ano passado, o BASA liberou R$ 670 milhões em financiamento. O
índice de inadimplência foi muito alto?

Não. Ele está dentro do aceitável. E o banco negocia e tenta ter
sensibilidade na hora de entender o lado do empreendedor. Às vezes o
empresário dimensiona o projeto além do que pode e os recursos acabam.
Somos acessíveis sempre. Atualmente, nossa taxa de juros é de 3% ao
ano, válido até o final de junho. A partir de julho até o dia 31 de
dezembro, a taxa será de 3,5%, sem indexador e a juro negativo, com
prazo de carência de 2 a 4 anos e prazo final de até 12 anos.

Alguns deputados criticaram o fato de o BASA ter poucos postos de
atendimento no interior do Estado. Há a possibilidade de ampliar estes
postos em 2013?

Nós já começamos a mapear alguns municípios que podem receber um posto
do BASA e até pedi a colaboração dos deputados nesse assunto. Mas
apesar de o BASA não estar presente fisicamente em todos os locais do
Amazonas, ele atende hoje projetos em todos os 62 municípios do
interior. Isso é mais importante do que presença física.

Há previsão de concurso público no banco?

Em setembro teremos concurso público. O último certame que realizamos
vence no meio do ano e temos muitos colegas se aposentando ou partindo
para outros desafios. Vamos precisar de gente nova. Ainda não posso
precisar o número de vagas. Mas o concurso está confirmado.

E como foi a divisão dos investimentos do BASA por setor, no ano passado?

Investimos R$ 191,53 milhões na agricultura familiar, R$ 84,93 milhões
para as micro e pequenas empresas, R$ 190,43 milhões para o Fundo
Constitucional do Norte (FNO) emergencial e R$ 154,19 milhões para o
turismo. Todos estes setores são muito importantes para nós.

Apesar de ser o maior estado da região e possuir o Polo Industrial de
Manaus, o Amazonas ficou na 3ª colocação no ranking de investimentos
do BASA no Norte do país (atrás de RO e PA) A que o senhor atribui
esse resultado?

O que acontece é que por conta das hidrelétricas que estão sendo
construídas, Rondônia demandou muitos investimentos. Foi algo atípico.
Acredito inclusive que com o volume de projetos atuais, o Amazonas
consiga subir no ranking ainda este ano.

Mas segundo o número divulgado pelo senhor na ALE-AM, os investimentos
na indústria no ano passado ficaram atrás dos números da agricultura
familiar...

Acredito que pela quantidade de projetos que recebemos do setor
industrial, ele possa superar todas as outras áreas neste ano. A
agricultura familiar é muito importante para o BASA e também vai
continuar recebendo muitos recursos. Mas a tendência é que a indústria
assuma a liderança. E todas as áreas terão a injeção necessária de
recursos. O Amazonas possui 62 municípios que terão suporte em nossos
recursos sem discriminação. Assim, vamos aquecer nossa economia.

Fonte: http://acritica.uol.com.br/noticias/manaus-amazonas-amazonia-Empreendedor-precisa-provocar-Superintendente-BASA-Donizete_Borges-economia-entrevistas_0_919708026.html

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