Governo desonera cesta básica, mas alimentos continuam a subir em 16 de 18 capitais, diz Dieese

Órgão avalia, porém, que aumento seria maior se não houvesse alívio de impostos
Maiores elevações foram em Vitória, Manaus e Salvador

O Globo (Email · Facebook · Twitter) Publicado:8/04/13 - 14h15
Atualizado:8/04/13 - 17h29

SÃO PAULO - Apesar das desonerações de produtos da cesta básica,
anunciadas em março pela presidente Dilma Rousseff, os preços dos
gêneros alimentícios essenciais não cederam e continuam a subir em 16
de 18 capitais pesquisadas pelo Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O alívio nos impostos
impediu, no entanto, que a alta fosse ainda maior, avaliou o órgão. Na
Pesquisa Nacional da Cesta Básica, realizada mensalmente, as maiores
elevações ocorreram em Vitória (6,01%), Manaus (4,55%), e Salvador
(4,08%). Em Florianópolis (-2,25%) e Natal (-1,42%), houve retração.
No Rio, o avanço mensal foi de 2,66% e, em doze meses, de 22,69%. No
ano, a variação é de 11,77%.

Cinco dos produtos desonerados pelo governo fazem parte da cesta
básica em que o Dieese se baseia para fazer a pesquisa, a descrita no
Decreto-Lei 399 de 1938, que contém 13 itens. Os cinco são: carne,
manteiga, café, açúcar e óleo. Os demais já eram isentos de
tributação, explica o órgão. O Dieese calculou o impacto desses itens
desonerados na variação da cesta básica e constatou que a redução de
taxas pode ter impedido que o aumento do preço dos produtos fosse
maior em 15 das 18 capitais pesquisadas. Em Manaus, Florianópolis e
Rio, os produtos desonerados teriam reforçado a elevação do custo da
cesta básica.

"Embora, neste momento, a observação dos preços dos produtos
desonerados mostre que a medida apresenta resultados positivos, é
preciso continuar acompanhando a evolução nos próximos meses, para
avaliar o efeito da desoneração", avaliou o Dieese na pesquisa.

O órgão também defendeu que os consumidores cobrem do governo para que
a desoneração "não represente apenas uma transferência de renda par os
empresários".

Nesse grupo de cinco produtos, houve redução da variação de preços de
todos eles apenas em Porto Alegre e Belém. Óleo e carne foram os
produtos que mais caíram, em 16 e em 15 capitais, respectivamente. O
preço do açúcar diminuiu em 12 capitais, o café, em 11, e a manteiga,
em nove.

Entre os locais pesquisados, o maior valor para a cesta básica foi
registrado em São Paulo: R$ 336,26. Vitória (R$ 332,24), Manaus (R$
328,49) e Belo Horizonte (R$ 323,97) vieram em seguida. Já Aracaju (R$
245,94), João Pessoa (R$ 274,64) e Campo Grande (R$ 276,44) mostraram
os menores valores médios. No Rio, o valor da cesta ficou em R$
314,99.

O Dieese faz uma estimativa também de qual seria o salário mínimo
necessário para a população, levando em conta o custo da cesta em São
Paulo e o texto da Constituição, que diz que o salário mínimo deve ser
suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e sua família com
alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte,
lazer e previdência. Segundo esses cálculos, o piso salarial deveria
ser em março de R$ 2.824,92, ou 4,17 vezes o valor do mínimo em vigor,
de R$ 678,00.

Em fevereiro, o mínimo necessário era R$ 2.743,69, menor, portanto,
assim como em março de 2012, quando o valor necessário para atender às
despesas de uma família chegava a R$ 2.295,58, ou 3,69 vezes o mínimo
da época (R$ 622).

No trimestre, 18 capitais tiveram alta de preços

Na avaliação por trimestre, as 18 capitais mostraram alta: Salvador
(23,75%), Aracaju (20,52%) e Natal (16,52%) estavam no topo da lista.
Florianópolis (5,97%), Belém (7,47%) e Curitiba (8,65%) no fim, com os
menores avanços.

Em doze meses até março deste ano, nas 17 capitais pesquisadas — não
foram considerados os dados de Campo Grande (MS) — todas as regiões
tiveram aumento acima de 10%. As maiores altas ocorreram em Fortaleza
(32,78%), Salvador (32,63%) e João Pessoa (28,01%) e as menores em
Belém (19,09%), Curitiba (19,78%) e Florianópolis (20,29%).

A carne bovina, que é o produto de maior peso na composição do valor
da cesta básica, ficou mais barata em 15 das 18 capitais pesquisadas.
Em Brasília (-3,97%), Natal (-3,24%) e Goiânia (-3,14%) foram
percebidas as maiores retrações. Houve aumento em duas capitais: em
Florianópolis (4,35%) e no Rio (2,08%).

Já o tomate, no varejo, teve alta em 12 capitais, com os maiores
aumentos em Vitória (42,00%), Belo Horizonte (17,20%) e São Paulo
(15,68%). Na comparação anual, no entanto, houve aumento em todas as
17 capitais com informações disponíveis — em 13 delas, o avanço foi
acima de 100%. As maiores variações ocorreram em Vitória (215,56%),
Porto Alegre (197,10%) e Rio (194,65%). Entre as menores, a alta
também foi acima de 50%.

Fonte: http://oglobo.globo.com/economia/governo-desonera-cesta-basica-mas-alimentos-continuam-subir-em-16-de-18-capitais-diz-dieese-8057695

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem