Facebook: uma ameaça global?

O que está por trás da decisão da Globo de tirar seus links do Facebook

Por Eliseu Barreira Junior

Um dos aspectos mais fascinantes das redes sociais é seu poder
transformador. Um poder capaz de derrubar ditadores. Um poder capaz de
deixar mais transparentes as relações entre empresas e consumidores.
Um poder capaz de impulsionar a eleição de um presidente negro numa
nação historicamente dividida. Um poder capaz de colocar em xeque
certezas incontestáveis. Nesta semana, a notícia de que as
Organizações Globo, o maior grupo de mídia do país, decidiu enfrentar
a força do Facebook abandonando a prática de postar links de conteúdos
em suas fan pages mostrou que o poder transformador das redes sociais
não poupa ninguém de tomar decisões arriscadas, rápidas e
contraditórias. O primeiro capítulo do que parece ser uma guerra entre
dois impérios de um mundo cada vez mais conectado tem muito a nos
ensinar.

Como era esperado, a decisão da Globo dividiu opiniões entre os
profissionais do mercado. Segundo o site do Meio & Mensagem, a empresa
detectou que o Facebook é o principal motivo pela queda de audiência
de suas plataformas digitais, como Globo.com, G1 e os sites das
revistas da editora Globo. O fato de os usuários do Facebook apenas
lerem as chamadas e não clicarem nos links seria o responsável pela
baixa nos acessos. Ao eliminar as URLs, o leitor se veria obrigado a
acessar o site para conferir o conteúdo.

De acordo com essa lógica, porém, os sites não recuperariam
necessariamente visitas, mas receberiam um público com o potencial de
ser mais qualificado. A minha tese é que assim a Globo teria um
argumento para convencer os anunciantes a colocar suas verbas de
publicidade em seus sites – e não no Facebook. Se a rede social de
Mark Zuckerberg faz os olhos dos publicitários brilharem com a imensa
quantidade de informações sobre gostos e hábitos que detém, os Marinho
ofertariam – muito provavelmente a um preço maior – a atenção de
consumidores "melhores".

Esse conceito de "poucos, mas bons" pode ser um tiro no pé, dizem
especialistas. Em primeiro lugar, porque o tempo das pessoas está cada
vez mais escasso e vivemos numa realidade em que tudo é para ontem.
Com a imensa quantidade de "distrações" que as redes sociais oferecem,
considerar que os leitores terão o trabalho de procurar por um
conteúdo de seu interesse nos sites é pouco provável.

Em segundo lugar, ainda vivemos num contexto em que o mercado
publicitário compra mídia baseado no volume de visitas dos sites. Como
mudar esse padrão é um ponto em aberto. Num contexto de redes sociais,
outras métricas e fatores deveriam determinar isso.

Em terceiro lugar, é preciso avaliar se o conteúdo oferecido, seja lá
de que maneira, está conseguindo atender aos anseios do público. A
linha editorial de muitos sites pode não estar adaptada aos interesses
do leitor 2.0.

Por último, a solução adotada contraria a forma como as pessoas
consomem conteúdo hoje em dia na internet. As redes sociais se
tornaram as principais distribuidoras de informação, e deixar de
contar com elas parece ser arriscado. Um estudo divulgado nos Estados
Unidos recentemente revelou que o Facebook é a mídia social mais
importante para o compartilhamento de notícias, sendo responsável por
9% do tráfico dos principais sites de informação do país.

Mais que apontar as dúvidas em torno da decisão da Globo, é preciso
entender o que está por trás dela. Nos últimos anos, as empresas de
mídia tradicional têm enfrentado grandes dificuldades para encontrar
novas maneiras de gerar receita, conter a queda no número de leitores
e segurar anunciantes. Apegadas muitas vezes a estratégias do passado,
elas têm dado respostas pouco consistentes para enfrentar os desafios
trazidos pela era digital. O que se vê é uma enxurrada de jornais e
revistas sendo fechados ou passando por mudanças, como as anunciadas
pel'O Estado de São Paulo. A publicação extinguirá cadernos, demitirá
funcionários e se focará numa cobertura otimizada, "em direção a um
mundo mais veloz".

Nesse mundo, Google e Facebook se tornaram protagonistas de uma
revolução que as organizações jornalísticas vacilaram em aproveitar.
Além disso, elas passaram a sofrer com a concorrência dos próprios
anunciantes, que deixaram de comprar espaços publicitários para se
tornarem canais de mídia por meio de estratégias de marketing de
conteúdo.

Apesar desse cenário, já existem iniciativas que podem não só ajudar o
jornalismo, mas também trazer novas oportunidades para as marcas se
comunicarem com seus públicos. Elas indicam possibilidades que liberam
os anunciantes da obrigação de enxergar o Facebook como a única opção
viável para conversar com os consumidores, como parece estar
acontecendo atualmente. Uma reportagem publicada no site AdWeek
revelou que há um importante movimento na direção de anúncios mais
relevantes e em formatos diferenciados: a distribuição de materiais
jornalísticos pelas marcas e a produção de conteúdos patrocinados. A
Forbes, por exemplo, publica textos com o selo de algumas marcas, como
Oracle. No Brasil, a agência JWT, o banco HSBC e a revista Exame estão
trabalhando num projeto parecido.

A decisão anunciada pela Globo vai de encontro a esse momento. Com
tanto poder em jogo, é possível afirmar que o Facebook já está
impactando os negócios das empresas jornalísticas, mas também
redefinindo a forma como o mercado enxerga o anúncio na internet. O
desafio é saber se Mark Zuckerberg desbancará um modelo que durante
anos "garantiu" a receita de muitos sites ou se surgirão ideias
inovadoras com o potencial de criar um ambiente mais equilibrado.
Caberá ao poder transformador das redes sociais apontar um caminho.

Por Thiago Costa

Novas possibilidades de Ads. Os anúncios pagos do Facebook prometem
passar nos próximos dias por uma verdadeira revolução. Como
antecipamos aqui, o Facebook fez um acordo com empresas que fornecem
dados para campanhas de marketing com o objetivo de ampliar as
possibilidades de segmentação de anúncios feitos na rede social. A
partir desta semana, já começou a ser possível nos EUA fazer Ads
específicos ligados aos hábitos de compras das pessoas por meio de
cartões de crédito, por exemplo. "Você compra cereal para seus filhos?
Então, corre um sério risco de ver nos próximos dias anúncios de
marcas de cereal no seu Facebook." (via Mashable)

Retorno. Depois de quase um ano, a General Motors voltou a fazer
anúncios pagos no Facebook. No ano passado, a multinacional divulgou
que sua publicidade na maior rede social do mundo não funcionava e,
por isso, abandonaria o recurso nas suas estratégias de marketing. A
GM, maior montadora automobilística do mundo, parece ter mudado de
opinião nesta semana. Em breve, os internautas verão campanhas da
empresa feitas para o Facebook em suas timelines. (via C|Net)

Com emoção. O Facebook permitirá fazer atualizações de status com
emoticons. A funcionalidade está sendo liberada gradativamente e tem
um banco de ícones que vai além dos habituais sentimentos. Será
possível compartilhar o que você está vendo, lendo, comendo e bebendo.
A ideia é que, integrando emoticons com informações adicionais
postadas pelos usuários, a quantidade de publicações aumente, assim
como o tempo de permanência na rede social. (via TechCrunch)

Comércio virtual. "Inicie seu e-commerce, mesmo sem habilidades,
mercadorias e dinheiro". Esse foi o título de uma matéria da revista
Wired que deu o que falar. O jornalista Marcus Wohlsen enumerou vários
aplicativos que permitem gerenciar todas as etapas necessárias para
criar uma loja virtual. Para construir o site, diz ele, use
BigCommerce; para marketing, Google AdWords; para armazenamento,
ShipWire; para decidir o que vender, drop shipper; e, finalmente, para
financiar seu projeto, use Kabbage, startup especializada em
finaciamentos para e-commerce. (via Wired)

Gifs na premiação do cinema. O MTV Movie Awards 2013 possui uma nova
categoria para premiação: gifs animados. A moda, surgida na internet e
impulsionada pelas redes sociais, mostra que os gifs podem ocupar cada
vez mais espaço na indústria do entretenimento. O Vine, que promete
ser a maior plataforma para publicação de gifs da web, foi o
aplicativo mais baixado na App Store com apenas seis meses de
lançamento. Marcas como Guaraná Antártica já começaram a fazer uso do
recurso. (via Mashable)

Oscar da internet. Dilma Bolada, perfil fake da presidente Dilma
Rousseff no Facebook criado por Jeferson Monteiro, foi o vencedor da
categoria de Melhor Uso das Redes Sociais no Brasil durante o Shorty
Awards, o Oscar da Internet. É a segunda vez que o perfil ganha o
prêmio, que tem jurados americanos como Dennis Crowley, CEO do
Foursquare, Charlie Sheen, ator, Steve Wozniak, co-fundador da Apple,
e David Pogue, colunista do The New York Times. (via Meio&Mensagem)

81% foi o crescimento do Crowdfunding em 2012. Os sites de
financiamento coletivo movimentaram quase 2,7 bilhões de dólares. Em
comparação com 2011, o crescimento foi de 64% e a movimentação total
chegou a 1,6 bilhão de dólares. (via Link Estadão)
***
66% dos tweets de usuários sobre marcas são feitos de aparelhos
móveis; 44% dos usuários do aplicativo mobile do Twitter usam iPhone,
20% preferem celulares com Android e 11% aparelhos da marca
Blackberry. (via SocialBakers)
***
6 meses foi o tempo necessário para o Vine, ferramenta de vídeo do
Twitter, se tornar o aplicativo mais baixado na App Store dos EUA.
(via ProXXIma)
***
38 era o número de idiomas em que o MSN Messenger estava disponível.
O Brasil, que possui mais de 30 milhões de usuários, será o último
país a receber a integração do serviço com o Skype. O aplicativo de
chamadas telefônicas, que já conta quase 18 milhões de brasileiros,
espera receber um aumento significativo em terras tupiniquins. (via
ProXXIma e Olhar Digital)
***
20 milhões é o número de perfis fakes hospedados no Twitter, segundo
pesquisadores italianos. Eles analisaram empresas que vendem
seguidores "falsos" para perfis verdadeiros com a intenção de atrair
mais destaque. De acordo com o estudo, esse mercado movimenta cerca de
40 milhões de dólares. (via ProXXIma)
***
Edição final: Eliseu Barreira Junior

Fonte: http://ideas.scup.com/pt/o-monitor/facebook-uma-ameaca-global/

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem