A sua hora (também) vai chegar...

A Matemática é implacável. Neste caso, a Estatística. Quase não
percebemos seus movimentos quando ligamos a TV ou lemos as notícias, e
lá está a cota diária de crimes. Crescendo assustadoramente mais do
que qualquer outro fenômeno social que conhecemos.

Não dá pra saber como, nem quando. Mas você vai ser assaltado no
trânsito, furtado numa calçada, agredido ou assassinado no processo.
Vai ter dados da internet roubados, seu carro abalroado por um
motoqueiro sem habilitação ou um motorista bêbado. Vai sofrer
violência sexual, abuso moral e coação. Vai ter seus impostos
desviados. Vai ter sua casa furtada, ou assaltada, onde você será
refém. Vai sofrer um sequestro, vai ter seu carro ou outro bem
roubado.

Não adianta o quanto se sinta seguro, ou tome medidas para sua
segurança. Os muros altos, o condomínio fechado, a cerca elétrica e as
câmeras. O vigia na rua, o alarme nas portas e janelas. Não vai
adiantar a medalhinha de são Bento, a bíblia aberta no salmo 91, as
fitinhas do senhor do bonfim, o crucifixo, o buda, o pentagrama, a
triqueta, a oração de são Jorge, a bênção ou o passe.

E, se isso é uma certeza estatística, é maior certeza ainda aquela que
decreta que algum ente querido vai passar por isso também. É uma
questão de tempo, até as linhas do gráfico se cruzarem.

Por que tanta assertividade no pessimismo? Pura Ciência.

O crime cresce em proporções cavalarmente maiores do que a educação, o
emprego, a segurança, o PIB, o progresso. E nós, os cidadãos antes
chamados "de bem", somos cada vez mais impotentes e em menor número.

Isso por uma série de fatores, principalmente dois: antes de mais
nada, o crime compensa SIM! E não apenas o cometido pelos políticos e
grandes criminosos de colarinho branco, mas o crimezinho no varejo.
Compensa furtar, roubar, matar, usando de maior ou menor barbárie para
isso. E não adianta mais usar clichês do tipo: "cadê a Polícia"...
essa raça valente e muitíssimo mal reconhecida está nas ruas, fazendo
o que dá pra fazer. Nem todos eles prestam, mas os que merecem o
título de honestos saem de casa todo dia, com suas contas atrasadas
pelo salário ridículo, para defender a SUA vida e o SEU patrimônio.
Com seus equipamentos ultrapassados, com seus comandantes nomeados por
partidos e poderes excusos, com seu salário de merda, e
principalmente, com a cara e a coragem. Mas eles dificilmente vão
poder evitar que o crime atinja seu círculo de conforto - porque não
são onipresentes. Neste exato momento, em frente ao seu PC, note,
celular, ou o que quer que seja, se alguém invadir seu escritório ou
sua casa, com uma arma apontada para você, de que vai adiantar ligar
para o 190 (considerando que você consiga)?

Lembre-se: estamos falando em proporções. Quantidade X qualidade. O
exército russo da segunda guerra era um bando de maltrapilhos mal
armados, mal treinados, morrendo de fome, frio e medo. Mas, para cada
russo que os nazistas matavam, apareciam outros dois, e mais outro, e
outro, até que venceram pela superioridade numérica. Um policial é
fruto de muito tempo de treinamento e preparo. Um criminoso é fruto da
primeira oportunidade. A quantidade vence.

O que nos leva ao segundo dos dois fatores importantes: o crime não é
fruto da superpopulação, mas cresce com ela. Um filho de uma mãe e um
pai sem renda, ou miseráveis, tem uma chance "X" de conseguir seu
próprio sustento de forma honesta. Já cinco filhos do mesmo casal
dividem essa probabilidade. Multiplique então por 10 - número que não
é raro nas famílias de baixa renda brasileiras. E então, vamos lá:
você é o quinto de 8 filhos de uma mãe que ganha menos que uma
miséria, e de um pai que ganha quase isso. Essa é uma hipótese até
boa, já que as estatísticas mostram que, a essa altura, o pai já
abandonou a mãe ou foi morto, o mesmo com o padrasto que virá depois
dele. Você vai à escola, mas a fome, a falta de material escolar, o
cansaço das noites mal dormidas em camas divididas com outras 3, 4
crianças, o stress das brigas em casa, tudo isso vai impossibilitar
que você pelo menos entenda o que estão tentando te ensinar. Enquanto
você pensa na geladeira vazia, a professora tenta lhe ensinar que o
quadrado da hipotenusa é igual à soma do quadrado dos catetos. Você
quer apenas jogar uma bola, de preferência de barriga cheia, depois
tomar um banho e dormir numa cama limpa. Mas isso não vai acontecer, e
você sabe.

No caminho para casa, você vê moleques da sua idade, com camisetas de
times, bermudas e - armas. Eles fazem pequenos trabalhinhos para os
"patrões" e conseguem sustentar a família. Não precisam ir à escola,
não passam fome, e ninguém tem coragem de se meter com eles.

Quando querem, fazem uma "correria": um assalto, um estupro, um
sequestro. Por que não? É uma vida cheia de aventuras. Se os "hómi"
prenderem, a idade ajuda. Vai pra uma casa onde velhos e novos
conhecidos se encontram para planejarem novas "correrias" pra quando
forem pra rua. E se morrer? Morreu, fazer o quê? Acabou a fome, a
miséria, o sofrimento, simplesmente acabou essa tragédia que os ricos
chamam de vida. O padre da igreja, o pastor do culto, o pai de santo
do terreiro - ninguém coloca comida na sua barriga e na da sua
família. Quem é que decide o que é "certo" ou "errado", então?

Seu filho vai para a escola e, no caminho, é abordado por "menores
infratores". E em questão de segundos, ele é julgado e condenado à
morte ali mesmo. Motivo? O celular que carrega, ou o tênis, ou quem
sabe até a lancheira! Mas o "menor infrator" vai ser "apreendido", e
"condenado" a passar um tempo convivendo com outros piores que ele,
jogando bola, se drogando e brigando com os monitores. É a lei.

Se existe solução? Não, não existe. E por que não?

Porque não existe remédio gostoso e leve que cure doença grave. O
crime é um câncer em metástase, e nós fingimos combatê-lo com
chazinho, reza, e "melhoral infantil". Faça as contas...

Não é necessário mais aprofundamento. Nem é necessário falar que o
"usuário", esse pobrezinho que é apenas um doente, é quem arma o
crime. É quem compra a bala que vai ser disparada bem no meio dos seus
olhos, quando você demorar a soltar a sua bolsa Louis Vuitton. O
"inocente baseadinho" que o "usuário" enrola está ajudando a manter
mais crianças fora da escola - e nas mãos do tráfico.

A esmola que você dá pro coitadinho no semáforo vai pras mãos do
vendedor de crack. E quando a esmola não der, o "doente usuário" vai
arrancar sua cabeça, se isso lhe render mais uma pedra.

Então, como fugir dessa Estatística?

Já lestes Dante? Mais precisamente o "Inferno"? Então, "abandone todas
as suas esperanças"...

Porque, enquanto você perdeu seu tempo lendo este texto, mais alguns
"menores infratores" foram fabricados, ou estão em processo de
fabricação. Nenhum policial foi formado nesse tempo. Nenhum juíz. E
Frank Castle só existe na ficção. De real sabemos que novas leis
afrouxarão mais as punições, mais e mais direitos serão dados aos
nossos algozes.

Tudo isso enquanto nos agarramos à nossa "fé", erguemos o muro,
reforçamos a tranca, pagamos o vigia, metemos o pau na polícia, e
achamos lindo quando vemos uma menina de 14 anos, sem sustento nem
companheiro, aparecendo grávida.

Quais as chances de seu lindo bebê escapar das estatísticas?

E as nossas, quais são?

Fonte: http://conservadonorock.blogspot.com.br/2012/04/sua-hora-tambem-vai-chegar.html

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