Fenômeno anti-Renan na internet

Foto: Internet

Impeachment' de senador tem 1,3 mi de adesões
11 de fevereiro de 2013 | 8h 34

Fernando Gallo

De férias no Rio de Janeiro e, por isso, alheio ao noticiário
nacional, Emiliano Magalhães Netto, 26, tomava cerveja na casa de um
amigo na sexta-feira retrasada quando, entre um gole e outro, o
companheiro colocou um bode na prosa: "O que você acha da eleição do
Renan Calheiros para a presidência do Senado?"

Representante comercial de uma empresa em Ribeirão Preto (SP),
Emiliano não tem filiação partidária nem preferência política. Sobre o
assunto, diz que anda "acreditando na corrupção e desacreditando na
política e na ideia de que as pessoas estão no poder para melhorar a
minha vida ou a vida da minha família ou, enfim, do povo". À sua
maneira, sempre acompanhou "notícias, jornais e atualidades, por
gostar de ler jornal". "Mas nunca nada muito a fundo", confessa.

Ele, contudo, sabia que várias acusações envolviam Renan. "Dos
problemas que ele teve com a Justiça sempre estive ao par. Coisa de
mensalão... a gente sempre tenta saber um pouco mais."

À pergunta incômoda que o amigo lhe havia feito, Emiliano respondeu:
"Pô, um absurdo, acho que isso não vai acontecer, não. O cara
renunciou da última vez, está cheio de problemas com a Justiça."

O amigo, que navegava por sites de notícias na internet, porém, avisou
que já era tarde: Renan tinha sido eleito com 56 dos 81 votos
possíveis.
Emiliano reagiu com indignação. "Fiquei muito p... Ficou todo mundo
muito p... A gente não sabia da notícia."

O representante comercial imediatamente se lembrou de um site por meio
do qual era possível criar petições online, o Avaaz, que o amigo lhe
mostrara pela manhã. Nele, Emiliano vira, ainda antes do resultado da
votação do Senado, uma petição que tentava impedir a eleição de Renan.
Não titubeou, e decidiu criar uma petição de teor semelhante, agora
não mais para impedir que o alagoano chegasse ao posto máximo do
Senado, mas para encaminhar um pedido aos senadores para que apeassem
Renan de lá. Emiliano resolveu nomear o pedido de "Impeachment do
presidente do Senado: Renan Calheiros".

Impeachment. "Usei a palavra impeachment porque foi o que aconteceu
com o (senador e ex-presidente Fernando) Collor e todo mundo
entenderia o recado, o fim da causa."

O representante comercial então fez uma "pesquisada rápida na internet
em alguns termos jurídicos para dar credibilidade à petição" e também
descobriu que, com 1,36 milhão de assinaturas, era possível encaminhar
um projeto de lei de iniciativa popular para deliberação do Congresso.
Estabeleceu que essa seria a mesma meta da petição. Encaminhou o
formulário para sites de combate à corrupção e para blogs amigos, e a
coisa se espalhou. No fechamento desta reportagem, faltavam apenas 22
mil assinaturas para alcançar o objetivo.
Emiliano descobriu que, do ponto de vista jurídico, sua petição não
tem valor: legalmente, o Congresso só tem obrigação de deliberar sobre
projetos de lei de iniciativa popular, mas não sobre uma petição de
impeachment do presidente do Senado.

Ele não se entristeceu. "A minha intenção foi realmente chamar a
atenção da população", diz. "A indignação é muito mais do que 1,36
milhão de pessoas. Chegando lá é um grande argumento para discutir com
outra pessoa: será que é certo?"
Emiliano se espantou com a proporção que as coisas tomaram. "Demorei
um minuto para fazer. Fiz por fazer e acabou virando isso que virou."

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,fenomeno-anti-renan-na-internet,995188,0.htm

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