O SUS DAS ELITES

Por: » ALOÍSIO ALVES – publicitário.

Vivemos num país onde cada ser humano, rico ou pobre, é vítima da
ineficiência do precário sistema de saúde. Tanto faz o que nos oferece
o governo, por intermédio do Sistema Único de Saúde (SUS), ou os
caríssimos "planos privados", que cobram dos usuários elevadas
mensalidades. Em troca, retornam profissionais insatisfeitos,
revoltados com o procedimento das empresas seguradoras que não lhes
pagam justa remuneração pelo serviço prestado aos pacientes.

E, convenhamos, é verdade. Que o digam os urologistas de Maceió. Eles,
literalmente, aboliram o atendimento por meio desses planos e se dão
por felizes. Em média, uma consulta particular custa R$ 200 e o
paciente que se vire depois para ser reembolsado, com um valor
irrisório, ao que pagou.

Assim tem sido a regra do jogo, infelizmente. Muitos outros médicos,
isoladamente, também já não têm interesse em prestar atendimento via
convênios. Não são casos isolados. Todas as operadoras pressionam
profissionais não somente na questão da remuneração, mas exigindo
deles drástica redução nos serviços de exames e outros procedimentos
em detrimento da recuperação do paciente.

É igualmente humilhante a metodologia adotada hoje pelas emergências
dos ditos melhores hospitais de Maceió. Amontoam homens e mulheres,
crianças e idosos, identificados por uma fita colorida para priorizar
a ordem de entrada ao consultório. Uma estratégia meramente
burocrática, já que a vítima de uma dor aguda pode ficar horas e
horas, muitas vezes em pé, porque não existem cadeiras suficientes
para sentar.

Isso para não falar do mau humor dos atendentes, que não se esmeram
para dar aos usuários uma atenção no mínimo cordial naquele instante
de sofrimento.

Outro dia, precisei levar um parente a uma dessas emergências e,
durante a espera, constrangeu-me ver a revolta de uma jovem senhora
que implorava por atendimento para a sua mãe. Aos gritos, desesperada,
ameaçava chamar a imprensa para denunciar a humilhação de uma criatura
que pedia socorro na emergência do hospital porque passava mal.
Estavam ali mãe e filha, há mais de três horas, na sala de espera.

Não há distinção, tanto faz a carteirinha dos SUS ou o cartãozinho do
plano de saúde, tudo é a mesma coisa. Foi-se o tempo em que fazer um
grande sacrifício financeiro para pagar um plano de saúde para a
família era uma conquista importante.


Fonte: http://gazetaweb.globo.com/gazetadealagoas/noticia.php?c=210840

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