Mais de 80 policiais foram mortos em SP no decorrer do ano, diz PM

27/10/2012 13:40, Por Redação, com ABr - de São Paulo

Desde o começo deste ano até a última quinta-feira, 85 policiais foram
mortos em todo o Estado de São Paulo. O dado oficial, confirmado pela
Polícia Militar, ainda não contabiliza a morte de um policial em
folga, ocorrida na noite da última quinta-feira na capital paulista.
Segundo a Polícia Militar, 67 destes policiais mortos eram da ativa e
18 aposentados. O número já é bem superior ao que foi registrado em
todo o ano passado. Em 2011, de acordo com a PM, 56 policiais foram
assassinados, tanto da ativa quanto os aposentados. Em 2010 foram 71
policiais militares, informou o órgão, que não comentou o balanço.


O número já é bem superior ao que foi registrado em todo o ano passado
Na última quinta-feira, o governador de São Paulo Geraldo Alckmin
informou que 117 pessoas foram presas nos últimos dois meses sob
suspeita de participação nos ataques contra os policiais militares.
Segundo o governador, outros 28 suspeitos estão sendo procurados e 19
morreram em confrontos com a polícia. "O governo não retroage. Não vai
voltar um milímetro. O que ganha um criminoso quando ataca a polícia?
Ele (criminoso) está querendo criar intimidação", disse o governador,
defendendo a ação policial no enfrentamento contra o crime no estado.

Balanço divulgado na última quinta-feira pela Secretaria de Segurança
Pública (SSP) informou que entre janeiro e setembro deste ano 13
policiais militares e dois policiais civis foram mortos em serviço. No
mesmo período do ano passado, 13 policias militares e oito civis foram
mortos em serviço. Mas o balanço não contabiliza o número de policiais
mortos enquanto estavam de folga.

Também entre janeiro e setembro deste ano, 28 pessoas morreram em
confrontos com policiais civis e 369 por policiais militares,
totalizando 397 pessoas mortas em confrontos com policiais no período.
Isso significou aumento de 8,5% em comparação ao ano passado. Nos
mesmo período de 2011, 30 pessoas morreram em confronto com policiais
civis e 333 por policiais militares, totalizando 363 pessoas mortas em
confrontos.

Os números da secretaria também revelaram aumento de 96% no número de
homicídios na cidade de São Paulo no mês de setembro em comparação com
o mesmo período do ano passado. Em setembro, a capital registrou 135
casos de homicídios, enquanto no mesmo mês de 2011 foram registrados
69 casos.

No acumulado entre janeiro e setembro, a alta foi de 22% na capital,
com 920 casos de homicídios e 982 vítimas (o número de vítimas é maior
porque pode haver mais mortes em um mesmo boletim de ocorrência). Em
todo o estado, no mesmo período, o aumento foi de 8%.

Em entrevista concedida na manhã de sexta-feira, o secretário de
Segurança Pública Antonio Ferreira Pinto disse não acreditar que a
morte de policiais decorra de uma retaliação de organizações
criminosas. "O que está incomodando é o combate efetivo ao tráfico de
drogas. Há essa reação deles (criminosos), mas sem aspecto de
retaliação", disse. "A estratégia é exatamente essa: com policiamento
mais efetivo. O combate é efetivo e temos certeza de que vamos
reverter esse quadro adverso no momento", disse ele.

Durante a entrevista, o secretário disse que a estratégia de combate à
violência em São Paulo está correta. "Não há estratégia dando errada.
A estratégia tem dado certo", disse Ferreira Pinto.

Ele também descartou a necessidade de as Forças Armadas auxiliarem as
ações policiais neste momento no estado. "São Paulo é auto-suficiente.
A polícia de São Paulo é preparadam, tanto a civil quanto a militar",
falou.

Segundo o secretário, a maior parte dos autores dos homicídios contra
os policiais já foi presa. "Temos apenas 10 (criminosos) computados
que reagiram e acabaram morrendo", disse.

Em entrevista à Agência Brasil, o coronel reformado da PM paulista
José Vicente da Silva Filho, consultor de segurança e professor do
Centro de Altos Estudos de Segurança da Polícia Militar de São Paulo,
também analisa como correta a estratégia utilizada pela polícia no
estado. "Neste ano, a polícia vem fazendo uma repressão muito severa
ao tráfico e distribuição de drogas nas ruas da cidade o que tem
suscitado uma ação mais intensa dos criminosos incomodados com isso",
falou.

Segundo ele, também é preciso analisar os números referentes às mortes
de policiais, que indicam que a maior parte não ocorreu em
consequência a confrontos com organizações criminosas. "O que a
polícia tem percebido – e conversei sobre isso recentemente com o
secretário e com o comandante-geral da PM (Roberval Ferreira França) –
é que há uma variedade muito grande. Não se pode colocar tudo numa
única cesta de casos e atribuir uma causa comum a isso. Temos aí uma
quantidade expressiva de policiais que reagiram a um assalto e
morreram, que somam mais de 20 casos, e casos de policiais que estavam
executando algum trabalho no seu horário de folga (como vigilantes
particulares, por exemplo) e acabaram morrendo. E temos também os
casos com características de execução, que é um outro grupo", disse.

Para o coronel, o aumento no número de mortes de policiais neste ano
se deve a dois principais fatores: "Um é a intensificação muito grande
da polícia ao tráfico de entorpecentes. Outro aspecto é que a polícia
vem mantendo o ritmo pesado de prisão de criminosos", disse. Segundo
ele, o que pode estar ocorrendo também é que alguns criminosos têm
aproveitado a onda de violência para "fazer ações contra seus
principais desafetos".

- Historicamente, o que se percebe é que o grande instrumento que
existe para a polícia reduzir crimes é a reação competente dela ao
criminoso. O bandido tem de ter medo da polícia. Medo de ser apanhado,
de ser preso – defendeu o coronel.

Já a socióloga e pesquisadora-associada do Núcleo de Estudos da
Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP), Camila Dias,
acredita que os números de mortes de policiais no estado revela "um
contexto de desequilíbrio das relações entre criminosos, sobretudo do
PCC (Primeiro Comando da Capital), e a polícia".

Segundo ela, os números de mortes de policiais e civis são altos
porque decorrem "de uma guerra entre a polícia militar e o PCC". Para
ela, "Isto produziu um perverso círculo vicioso cuja expressão é a
elevação das taxas de pessoas mortas, sobretudo com características de
execução sumária".

Para Camila, há erros na política de segurança pública estadual. "Há
um 'mais do mesmo' que envolve o aumento do encarceramento e
investimentos na Polícia Militar, com compra de equipamentos e armas e
não se busca uma solução que vá além disto. Isto, aliás, não se limita
a São Paulo", disse ela.

Camila defende que uma das soluções para evitar esses conflitos é
fazer uso da inteligência policial e de técnicas de investigação para
identificar os responsáveis pelas mortes. "Mas não basta identificar e
prender os acusados pelas mortes dos policiais. É evidente que isso é
importante. Mas é fundamental, também, identificar os responsáveis
pelas mortes de civis que aumentam exponencialmente quando ocorre
execução de policiais e, muitas vezes, esse aumento se dá horas
depois, no mesmo bairro. É preciso, assim, investigar seriamente esses
crimes, principalmente se eles tiverem o envolvimento de policiais
como muito deles parecem ter".

Fonte: http://correiodobrasil.com.br/mais-de-80-policiais-foram-mortos-em-sp-no-decorrer-do-ano-diz-pm/536249/

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