Expansão de cultivo de coca chega próximo do Amazonas

Polícia Federal alerta para o aumento em 300% no cultivo da folha de
coca na fronteira peruana com municípios brasileiros

10 de Setembro de 2012
NÁFERSON CRUZ

Para o superintendente da Polícia Federal no Amazonas, Sérgio Fontes, o efetivo
do órgão na fronteira brasileira é insuficiente para combater o narcotráfico na
região (Ney Mendes )
O cultivo de coca na fronteira peruana com os municípios brasileiros cresceu
300% nos últimos sete anos, transformando a região em uma das principais
produtoras de folha de coca do Peru e provocando a migração de pessoas que
trabalhavam em plantios no Alto Huallaga, Nordeste do Peru, para a tríplice
fronteira (Brasil, Peru e Colômbia). As informações são do Departamento da
Polícia Federal no Amazonas (DPF).
Um levantamento realizado pelas polícias peruana e brasileira estima que,
atualmente, a zona com maior extensão na produção da folha de coca, matéria
prima da cocaína, está localizada no distrito de Mariscal Ramón Castilla, na
província de Loreto, próximo aos municípios de Tabatinga e Benjamin
Constant, na
região do Alto Solimões.
Segundo a PF, na fronteira entre o Brasil e Peru existem, aproximadamente, 10
mil hectares de plantação de coca, o que seria suficiente para produzir 100
toneladas de cocaína. "Temos um novo desafio na fronteira com as plantações da
folha de coca na selva, que vem acontecendo de quatro anos para cá, no lado
peruano", disse o superintendente da PF no Amazonas, Sérgio Fontes.
De acordo com Fontes, antes da migração do cultivo para a fronteira,
havia cerca
de mil famílias atuando no cultivo da coca em Mariscal Ramón Castilla.
Hoje elas
passam de 3 mil. Do outro lado da fronteira, a PF no Amazonas conta com apenas
200 policiais para todo o Estado, 20 deles na fronteira.
Informações de moradores à polícia apontam uma quantidade ainda maior: 20 mil
hectares, superando a área do Alto Huallaga, Nordeste do Peru, de onde estão
migrando produtores para a fronteira, onde a repressão é precária.
Extensão
No entanto, a extensão do plantio de coca no trapézio amazônico é uma
incógnita.
O superintendente da Polícia Federal no Amazonas, delegado Sérgio Lúcio Fontes,
deixa claro que o Estado jamais irá chegar a uma zona de comercio livre de
cartel, por se tratar de uma região de rota e não de produção. "Combater o
cultivo é o nosso maior desafio porque o destino de toda aquela produção é o
Brasil. Estamos muitos empenhados para usarmos métodos para resolver a
questão",
comentou.
Segundo o delegado federal, a média de apreensão naquela região gira
em torno de
2 a 3 toneladas de cocaína por ano. "Estamos ajudando o governo peruano a
erradicar as plantações da folha de coca. Somente no ano, passado estima-se que
entre 5 a 8 toneladas que deixaram de ser produzidas", destacou o delegado.
A erradicação foi fruto da ação que culminou na prisão do narcotraficante
peruano Jair Ardela Michue, o 'Javier'.
Seita atua junto com traficantes
Os prejuízos, riscos e ameaças causados pelo plantio de coca em solo peruano,
junto à fronteira do Brasil, são problemas que se repetem na fronteira com a
Colômbia, onde proliferam cultivos de coca, em sua maioria realizados por
indígenas Ticunas, no interior de áreas preservadas.
É o que afirma o superintendente da PF, Sérgio Fontes. Segundo ele, além da
migração de andinos para a fronteira, a atuação de fanáticos religiosos
seguidores de uma seita peruana, a Associação Evangélica da Missão Israelita do
Novo Pacto Universal (Aeminpu), ou 'israelita', como é conhecida, também
colabora para o aumento no plantio da coca.
Situada ao longo do rio Javari, do lado peruano, nos municípios de Isla Santa
Rosa e Islândia, eles repassam a coca aos traficantes e, posteriormente, aos
'mulas', que entram com a droga no Brasil. A PF suspeita de que a
seita forneça
armas para traficantes e guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da
Colômbia (Farc).
Outra preocupação é a suposta atuação do grupo peruano Sendero Luminoso,
responsável pelo cultivo de 45% da folha de coca na região.

Fonte: http://acritica.uol.com.br/noticias/Manaus-amazonas-amazonia_0_771522849.html

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