Gilmar Mendes pede encontro com Lula e depois diz ter sofrido ‘pressão’ do ex-presidente

26/5/2012 16:44, Por Redação - de São Paulo


Gilmar Mendes era amigo de Demóstenes Torres
O ministro do STF Gilmar Mendes pediu o encontro com o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 26 de abril. A reunião ocorreu no
escritório do ex-ministro de Lula e ex-integrante do STF Nelson Jobim.
Um mês depois, com o andamento da Comissão Parlamentar Mista de
Inquérito (CPMI) do Cachoeira, Mendes vai à revista semanal de
ultradireita Veja e, em entrevista, afirma que partiu de Lula o pedido
para que o Supremo adiasse o julgamento do processo conhecido como
'mensalão'. A assessoria do ex-presidente informa que Lula não
pretende comentar as declarações de Gilmar Mendes à revista que, por
sua vez, também está envolvida com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o
Carlinhos Cachoeira, personagem central de um escândalo que envolve
governadores, parlamentares, como o senador Demóstenes Torres
(ex-DEM-GO), e empresários, liderados por Fernando Cavendish,
ex-proprietário da construtora Delta.

A matéria de Veja, divulgada neste sábado apenas na edição impressa,
foi repercutida no diário paulistano conservador Folha de S. Paulo e,
nela, Mendes afirma que "Lula procurou o ministro do STF (Supremo
Tribunal Federal) Gilmar Mendes para tentar adiar o julgamento do
mensalão. Em troca da ajuda, Lula ofereceu ao ministro, segundo
reportagem da revista Veja publicada neste fim de semana, blindagem na
CPMI que investiga as relações do empresário Carlos Augusto Ramos, o
Carlinhos Cachoeira, com políticos e empresários".

– Ora, se partiu do ministro o convite para o encontro com Lula, no
gabinete do (Nelson) Jobim, é preciso perguntar antes porque o Gilmar
Mendes está com tanto medo da CPMI do Cachoeira – afirmou a fonte, ao
Correio do Brasil, em condição de anonimato.

Mendes confirmou ao diário paulistano o encontro com Lula, sem dar
detalhes, mas disse ter ficado "perplexo com o comportamento e as
insinuações despropositadas do presidente Lula". Ainda segundo a
revista, Lula teria dito ao ministro que o julgamento do mensalão
seria "inconveniente". De acordo com a reportagem, Lula teria feito
"referências a uma viagem a Berlim em que Mendes se encontrou com o
senador Demóstenes Torres".

Um dos principais envolvidos no processo em curso no STF, o
ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, amigo do ex-presidente
Lula, segundo a fonte ouvida pelo CdB, seria o último interessado em
adiar o julgamento da questão no Supremo.

– Por mais de uma vez o (José) Dirceu já reafirmou seu interesse em
ver encerrada, o quanto antes, essa questão. Segundo os advogados
dele, não há qualquer prova de envolvimento do ex-ministro nas
irregularidades apontadas no processo – disse.

Ainda segundo a reportagem de Veja, Lula teria procurado, em seguida,
o presidente do STF, ministro Carlos Ayres Britto, que negou ter
havido qualquer contato com o ex-presidente, exceto em um recente
almoço no Palácio do Alvorada, na ocasião da instalação da Comissão da
Verdade, quando Lula convidou Ayres Britto para um vinho com ele e o
amigo comum, Celso Antonio Bandeira de Mello.

– Estive com Lula umas quatro vezes nos últimos nove anos e ele sempre
fala de Bandeirinha. Ele nunca me pediu nada e não tenho motivos para
acreditar que havia malícia no convite – disse Britto aos jornalistas.
Ele acrescentou que a "luz amarela" só acendeu quando Gilmar Mendes
contou sobre o encontro, "mas eu imediatamente apaguei, pois Lula sabe
que eu não faria algo do tipo", concluiu.

Fonte: http://correiodobrasil.com.br/gilmar-mendes-pede-encontro-com-lula-e-depois-diz-ter-sofrido-pressao-do-ex-presidente/459503/

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