PT, PSDB, DEM: todos juntos na "operação abafa"

A certeza de que as investigações sobre as relações entre o bicheiro
Carlinhos Cachoeira e o senador Demóstenes Torres podem trazer à tona
o envolvimento de membros do PT ou do PMDB levou integrantes do PT a
trabalhar pelo adiamento da CPI mista no Congresso

Um espectro ronda o Congresso... o da corrupção generalizada. O medo
de que as investigações do caso Cachoeira-Demóstenes respinguem sobre
membros do PT ou da coalizão governista está levando, segundo
reportagens em diversos jornais nessa semana, integrantes do patrido a
começar a trabalhar pelo adiamento da CPI no Congresso.

Segundo a Folha de S. Paulo desta terça-feira (17/4), petistas dizem
querer esperar o retorno do presidente do Congresso, José Sarney
(PMDB-AP), para permitir que a comissão saia do papel. O ex-presidente
foi internado no último final de semana após sofrer dores no peito e
se submeter a uma angioplastia.

Apesar de declarar publicamente o oposto, negando qualquer intenção de
barrar a CPI, o PT vem dando sinais claros de que está procurando
ganhar tempo para definir a composição da comissão e a escolha do
relator da CPI.

Ainda segundo reportagem da Folha, os petistas do governo querem
restringir as investigações ao período de 2009 a 2001, para evitar que
o escândalo do mensalão, que veio à tona em 2005, seja tratado
novamente em uma CPI.

A ordem para abafar veio do Planalto, mas era justamente o que a oposição queria

A base do governo no Congresso adotou como tática o adiamento da CPI
para poupar políticos de diversos partidos citados na Operação Monte
Carlo da Polícia Federal, que levou à prisão do bicheiro Carlinhos
Cachoeira.

O resultado esperado é a exposição exclusiva do senador Demóstenes
Torres, que manteve 298 conversas telefônicas com Cachoeira grampeadas
pela PF nos últimos três anos.

Segundo reportagem dO Estado de S. Paulo, a operação abafa é resultado
da pressão da presidente Dilma Rousseff para que setores do PT
defensores da CPI do Cachoeira tenham calma e não usem a comissão como
palco de vingança, o que poderia causar danos políticos ao governo.
Dilma conversou com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a
CPI na sexta-feira, em São Paulo.

O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), defendeu nesta
segunda-feira, 16, que a CPI investigue os negócios de Cachoeira e não
se transforme numa disputa política entre governo e oposição. Queremos
é desmantelar esta rede de poder paralelo que foi constituída por esse
cidadão chamado Cachoeira e que vai desde o Legislativo, passa pelo
Executivo e pelo Judiciário, pelo setor privado e pela imprensa
brasileira (Idem).

Os beneficiados pela operação abafa

Dentre os parlamentares que serão poupados, caso as investigações do
caso Demóstenes-Cachoeira sejam adiadas e limitadas tal como o governo
deseja, estão os tucanos Carlos Alberto Leréia (GO) e Leonardo Vilela,
pré-candidato à prefeitura de Goiânia. Também entre os já citados nas
gravações estão Jovair Arantes (GO), líder do PTB na Câmara, Sandes
Júnior (PP-GO), Rubens Otoni (PT-GO) e Stepan Nercessian (PPS-RJ).

Os parlamentares ligados ao governo preencherão 24 das 30 vagas de
membros titulares da CPI. A oposição ficará com apenas seis.

Nessa terça-feira, o presidente do Conselho de Ética do Senado,
Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), e os senadores Vital do Rego
(PMDB-PB) e Humberto Costa (PT-PE) iriam se encontrar com o ministro
do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski para pedir acesso ao
inquérito produzido pela Polícia Federal e que tramita em segredo de
Justiça.

Segundo o colunista João Bosco Rabell, em O Estado de S. Paulo, a
ideia de Vital, Valadares e do relator do processo contra o senador
Demóstenes Torres (GO) no Conselho de Ética, Humberto Costa (PT-PE), é
invocar um precedente no caso do ex-senador Luiz Otávio (PMDB-PA) para
que Lewandowski reconsidere a negativa de envio dos documentos ao
Senado. Segundo Vital, naquele episódio, o Supremo autorizou o envio
de cópia do processo contra o ex-senador ao Conselho de Ética da Casa.

A troca de acusações entre representantes da oposição que afirmam que
parlamentares do PT estão, a mando do Planalto, tentando adiar a CPI
por medo de serem expostos, e membros da base aliada do governo que
afirmam que o envolvimento do tucano Marconi Perillo seria maior, o
que justificaria a restrição das investigações, não consegue encobrir
o que de fato está acontecendo: governo e oposição estão atrelados às
mesmas denúncias de corrupção e, nesse caso, a operação abafa
beneficia a ambos.

Fonte: http://pco.jusbrasil.com.br/politica/8622024/pt-psdb-dem-todos-juntos-na-operacao-abafa

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